Cerca de 750 mil doses da vacina contra dengue (Qdenga) chegaram no Brasil no último sábado (20). Segundo o Ministério da Saúde, o lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses da vacina fornecidas pelo laboratório japonês Takeda. Uma segunda remessa, com 570 mil doses, deve ser entregue em fevereiro.
Ao todo, 5,2 milhões de doses da vacina deverão ser entregues ao longo de 2024. A pasta prevê que cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas neste ano — uma vez que o imunizante precisa de duas doses, com intervalo mínimo de três meses.
Ainda conforme o Ministério da Saúde, as vacinas vão ser destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte, com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando-se em conta as altas taxas nos últimos meses. A previsão é que as primeiras doses sejam aplicadas em fevereiro.
A vacina é recomendada para as pessoas entre 4 a 60 anos. Todas as pessoas, mesmo aquelas que já tiveram dengue, podem receber a vacina. No entanto, o público-alvo definido pela pasta em 2024 serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A faixa etária é a que concentra o maior número de hospitalização por dengue após pessoas idosas. A lista dos municípios e a estratégia de vacinação vão ser informadas pelo Ministério da Saúde durante esta semana.
Impacto positivo
Para o infectologista Fernando Chagas, a vacina contra dengue é uma medida que pode auxiliar nas estratégias de luta contra o vírus da doença e frear não só o avanço de número de casos, como também o número de mortes.
“Nós não temos medicamentos específicos contra o vírus da dengue. Então, as medidas que tomávamos sempre foram no sentido de controlar o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. E combater um inseto com a capacidade de adaptação tão grande acaba sendo muito difícil. Por isso sempre a gente acaba perdendo esta batalha. Mas a vacina acaba entrando com uma estratégia voltada diretamente contra o vírus, que se somada à estratégia que nós já temos contra o mosquito vetor, muito provavelmente a gente vai ter um impacto muito positivo, uma diminuição muito grande de não só novos casos, como também de mortes por dengue em todo o país nos próximos anos”, destaca.
No Brasil, foram registrados, em 2023, 1,6 milhão de casos de dengue e 1.094 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde. Somente neste ano, os casos prováveis já superam os 55 mil e seis pessoas morreram por complicações da doença. Os estados com maior incidência da doença são: Minas Gerais, com 14.275 casos, São Paulo, com 9.856, Paraná, com 8.388 e Distrito Federal, com 7.449.
Morador do Distrito Federal, o empresário Felipe Oliveira conta que tem procurado se prevenir contra a dengue, evitando a proliferação do mosquito Aedes aegypti. “A gente está redobrando o cuidado aqui em casa. Colocando areia nos vasos de plantas, tirando água da calha, não deixando acumular nenhum entulho, porque realmente tem que ter essa preocupação. Porque época de chuva aumentam muito os riscos de proliferação do mosquito, então é preciso ficar muito atento”, ressalta.
Sinais e Sintomas
A dengue pode variar desde uma doença sem manifestação de sintomas até quadros graves, com hemorragia e choque. O médico infectologista Fernando Chagas destaca os principais sintomas da dengue. Ele ainda orienta que ao detectar qualquer sinal preocupante, é necessário buscar atendimento médico.
“É uma doença que geralmente se inicia com febre alta, com dor de cabeça, dor também ao redor dos olhos. Também pode apresentar dor articular. Então, nem toda doença febril com dor articular, é necessariamente a chikungunya. Lembrando que até a metade das pessoas pode se apresentar com manchas na pele, que geralmente aparecem depois do segundo ou terceiro dia da doença. E se começar a apresentar dor de barriga e vômitos, precisa ser considerado o risco de forma grave e a pessoa precisa imediatamente buscar uma urgência. Não esquecer que a dengue é uma doença que infelizmente pode matar”, alerta.